"Sou um só, mas ainda assim sou um. Não posso fazer tudo, mas posso fazer alguma coisa. E, por não poder fazer tudo, não me recusarei a fazer o pouco que posso"

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

PALESTRA Tomas Schuman (Yuri Bezmenov) - PARTE IV

Vídeo 4/7
Bom, eu fui muito ativo, mas algumas pessoas não gostam. Então por que deveríamos ter oportunidades iguais? Por quê? Oportunidade igual de se destacar. Oportunidades iguais em circunstâncias iguais, sim, mas você sabe que as pessoas são diferentes. Se destacar, sim, supondo que cheguemos ao mesmo nível de excelência, perfeição, que é um futuro distante hipotético. Sim, talvez. Mas nós sabemos perfeitamente bem que mesmo com as melhores intenções, as pessoas não poderiam ser iguais. Por que deveríamos ter igualdade no, digamos, sistema legal? Eu, me considero um cidadão cumpridor da lei, e uma pessoa que vem aqui prá roubar e atirar? Digamos... O governo dos EUA sob Carter importou milhares de criminosos cubanos. Eram criminosos conhecidos. Ainda assim foram aceitos. Vocês acham justo que eu e minha esposa das filipinas que trabalha como... – perdão – cavalo como técnica de laboratório no hospital deveríamos ter os MESMOS direitos que um criminosos de Cuba? Por quê? E ainda assim repetimos como papagaios: “igualdade, igualdade, igualdade!” E o sistema de propaganda soviética ajuda-nos a acreditar que igualdade é algo desejável. A democracia, tal como foi estabelecida pelos patronos deste país, deste sistema, no século passado [XIX], não é igualdade. É o sistema onde pessoas DIFERENTES, pessoas desiguais, têm uma chance de sobreviver e ajudarem-se umas às outras em constante concorrência, em aperfeiçoamento constante, e não uma igualdade que é superimposta por um padrinho ou pessoa boazinha em Washington DC. E a igualdade absoluta existe na União Soviética. Igualdade entre aspas: Todo mundo está igualmente na... lama! Exceto algumas pessoas [que] são mais iguais que as outras no Politiburo. Viram? Então, no momento em que você leva um país ao ponto de quase total desmoralização onde nada funciona mais, quando você não tem certeza do que é certo ou errado, bom ou mau, quando não há divisão entre o bem e o mal, quando até os líderes da Igreja dizem às vezes “Bom, violência em prol da justiça... – especialmente justiça social – é justificável em países como Nicarágua, El Salvador, [Brasil] bom, talvez Rodésia...” e escutamos isto e dizemos “É, provavelmente... é verdade.” É verdade? Não, não é verdade! Violência não é justificável; especialmente em prol de – aspas – “justiça social” introduzida por marxistas-leninistas que são meus ex-colegas da Agência Novosti. OK, então atingimos aquele ponto [Desmoralização]. O próximo passo é desestabilização.

Desestabilização:
De novo, fala por si o que é: desestabilizar todas as relações, todas as instituições e organizações aceitas no país do seu inimigo. Como você faz? Você não tem que mandar um batalhão de agentes da KGB para explodir pontes. Não! Você os deixa fazerem sozinhos! A área de aplicação é mais estreita agora. Não é como no caso anterior. As ações abertas, legítimas, da KGB neste caso, mal seriam perceptíveis [porque] não há crime se um professor que recentemente veio da URSS introduz um curso de marxismo-leninismo numa universidade californiana, por exemplo. Ninguém vai chegar à porta dele e dizer “OK, senhor. Venha. Você está preso.” Não. Não é crime. Não é sequer considerado um crime moral contra o seu país. Então, a área de aplicação aqui está se estreitando para economia, – novamente relações trabalhistas, certo? – lei e ordem e... novamente a mídia, mas um pouco diferente; vou explicar depois. OK, três áreas basicamente.

Economia:
A radicalização do processo de negociação. Se naquela etapa nós ainda poderíamos atingir, teoricamente, algum acordo positivo entre as partes negociantes com, digamos, introdução arbitrária de juízes de terceira parte objetivamente julgando as exigências de ambos [os] lados, aqui é radicalização. Na etapa de desestabilização não chegamos a um acordo nem dentro de uma família. O marido e mulher não poderiam descobrir o que é melhor: o marido quer que os filhos comam à mesa e a mulher quer que a criança corra pelo cômodo e derrube comida pelo chão. Eles não chegam a um acordo a não ser que comecem uma luta. É impossível chegar a um acordo, um acordo construtivo entre vizinhos. Alguns dizem “Eu não gosto que você trabalhe no gramado nesta hora porque exatamente nesta hora estou passeando com meu cachorro e ele fica nervoso e não consegue passar as bolas”, sabe? Eles não entram em acordo. Eles vão para uma corte civil ou coisa assim. Radicalização de relações humanas. Sem mais acordo. Luta, luta, luta!
As relações normais tradicionalmente aceitas são desestabilizadas. As relações entre professores e alunos em escolas e universidades. Luta! As relações entre – na esfera econômica – entre empregado e patrão são mais radicalizadas. Não mais aceitação da legitimidade das exigências dos trabalhadores. Na como os japoneses, com a teoria Z, - se vocês já ouviram falar – onde trabalhadores estão envolvidos no processo de decisão então eles não têm incentivo moral para lutar contra seus patrões. Nos EUA é justamente o oposto. Quanto mais difícil a luta, melhor, mais heróicos eles parecem. Quando a rede Greyhound estava de greve recentemente os correspondentes de emissoras de TV locais em todos os Estados Unidos “Ah sim, estamos fazendo algo bom!” e eles pareciam heróis e tinham orgulho. Havia uma família, o marido era motorista de ônibus e então eles tinham decidido, em protesto contra os patrões, acampar em algum lugar da floresta. Eles foram apresentados à audiência como uma gente heróica e boazinha. Viram?
Os embates violentos entre passageiros, piqueteiros e os grevistas são apresentados como algo normal. Dez, quinze, vinte anos atrás nós ficaríamos nervosos e [diríamos] “Por quê? Por que tanto ódio?” Hoje não. Nós dizemos “Bem... Lugar comum.” Radicalização, militarização às vezes. Como expliquei naquela etapa. Eu me adiantei um pouco. Pessoas baleadas!

Lei e ordem:
Também é empurrada para áreas onde as pessoas antes resolviam suas diferenças pacificamente e legitimamente. Agora estamos ficando com esses casos judiciais nos casos mais irrelevantes. Não podemos mais resolver nossos problemas. A sociedade como um todo fica mais e mais antagônica entre indivíduos, grupos de indivíduos e a sociedade como um todo.

Mídia:
A mídia se coloca em oposição à sociedade em geral, como um todo. Separada, alienada. OK? Nesta etapa – vocês se lembram que eu estava falando há duas horas sobre os dormentes – aí é quando os estudantes, digamos dos EUA, se são treinados na Universidade Lumumba, ou das nações em desenvolvimento, os estudantes com que eu estava lidando, estão sendo mandados de volta da União Soviética aqui. Ou se eles já estavam nos EUA, no país que é objeto da subversão, eles partem pra ação! Os dormentes acordam! Eles dormiram por quinze a vinte anos. Agora eles de tornaram líderes de grupos, padres... sei lá... pessoas públicas. Proeminentemente eles agem. Eles ativamente se incluem no processo político. De repente nós vemos um homossexual... Há quinze anos ele fazia as sujeiras dele e ninguém ligava, e agora ele faz disso uma questão política.
Link do vídeo da PARTE IV
Continua na PARTE V

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